Apresentamos abaixo, alguns dos mais icônicos ilustradores e personagens geniais das histórias em quadrinhos. Esses autores e personagens se consolidaram antes da era dos computadores e softers para desenho. São desenhistas que usavam lápis e tinta para produzirem seus trabalhos. Suas histórias são diversão garantida, especialmente nos dias de hoje, quando temos uma grande crise criativa, em vários setores da arte.
Franck Margerin: It’s Only Frank’n’Roll!
Frank Margerin nasceu em 1952, em Paris. Com cinco anos de idade seus país se separaram e ele refugia-se no desenho. Na escola diverte a galera caricaturando seus professores nas margens de seus cadernos. Incentivado por seus amigos, o jovem Frank gradualmente se torna consciente de seus talentos artísticos.
A conselho de um amigo de seu pai, Frank Margerin naturalmente se encaixa nos cursos de Artes Aplicadas, sua paixão. Mesmo com a atmosfera difícil ele se forma dois anos depois. Com seus quadrinhos debaixo do braço, Margerin decide enfrentar algumas agências para mostrar seu estilo engraçado. Era uma tentativa de fazê-los assinar um contrato. O resultado são suas primeiras publicações nas revistas Ele e Play Boy (incluindo temas eróticos).
O Rebelde Roqueiro Banana Lucien
Um belo dia Margerin cruza o caminho de Jean Pierre Dionnet, que lhe oferece quatro páginas na revista Heavy Metal, especializada em quadrinhos de ficção científica. Embora não fosse de sua preferência, ele aceita o desafio. A partir daí começa a produzir material para revistas, postais, posters, timbrados e calendários. Ele que sempre se recusou a criar um herói recorrente, produz Lucien, o rebelde roqueiro banana que ganha espaço gradualmente ao longo de suas histórias. Inicialmente gordinho com grandes costeletas, Lucien é refinado fisicamente e mentalmente ao longo dos anos para tornar-se o personagem central de suas histórias.
Frank Margerin e Lulu Smack
Acompanhado de seus fiéis amigos Ricky (Frentzel inspirado por um amigo do autor) e Gillou (inspirado em seu irmão), Lucien vai abandonando gradualmente sua rebeldia para tentar encaixar na vida adulta. Como tal, o álbum Lulu Smack marca uma nova era para o personagem cujas aventuras estão agora espalhadas por todo o álbum em uma única história.
Frank Margerin cruzou o caminho de Bernard Farkas, membro fundador da revista Heavy Metal. Propóe uma história em quadrinhos para a revista. Torna-se um colaborador, até 1987. Forma a banda Los Crados, com seu amigo Denis Sire, com um relativo sucesso nos anos 1987-1988. Como outros desenhistas de histórias em quadrinhos, produziu também cartazes para o cinema, peças publicitárias e impressos, atuando como designer de muitas mídias.
Sérgio Aragonés e seu Herói Bárbaro Groo
Groo é um herói bárbaro criado pelo cartunista espanhol Sérgio Aragonés. Uma sátira aos heróis bárbaros dos EUA – especialmente Conan de Robert E. Howard. Groo, o errante é um bárbaro trapalhão, com cérebro de ostra, sempre se metendo em encrencas medievais.
Sergio Aragonés nasceu em setembro de 1937, em San Mateo, Castellón, na Espanha. Ele é um premiadíssimo autor de HQs, foi colaborador da revista MAD. Em 1980 criou o personagem “Groo, o Errante”, em parceria com o roteirista Mark Evanier. Mark também foi roteirista de Garfield de Jim Davis. Groo é um atrapalhado e estúpido bárbaro que sabe manejar espadas como ninguém. Com capacidade para aniquilar sozinho um exército, não sobra soldado nenhum para contar a história! Faz isso com desenvoltura depois de comer queijo derretido, seu prato predileto. Adora uma peleja, “Groo faz o que Groo faz melhor”, ou seja, destruir. Não é por maldade, mas ele sempre causa involuntários e catastróficos acidentes.
Características do Errante
Dono de uma enorme ingenuidade e burrice colossais, ele também não entende a maioria das coisas que lhe são ditas. Groo vive num mundo povoado por dragões, cavaleiros, samurais, bruxos, piratas e nobres tiranos.
Lançado pela Editora Abril em 1989 (A Morte de Groo) e em edições mensais a partir de 1990. Em 92 foi cancelado em virtude da dureza generalizada provocada pelo Plano Collor. No final de 1998, a Abril lançou mais uma série do herói, Groo, o Inteligente. Outras editoras como a Mythos, porém, fizeram diversos outros lançamentos. Entre esses lançamentos, o especial de 25 anos do personagem. Nos Estados Unidos atualmente ele é publicado pela editora Dark Horse. Sempre em especiais sem periodicidade definida, a pedido der seus criadores.
Terei errado?
Groo, condenado a nascer sem conseguir aprender a pensar graças a uma mandinga de um feiticeiro. Também aos genes de seu pai – cresceu nas ruas e se tornou um bárbaro errante.
Extremamente hábil com as espadas, mas com o QI inferior ao de uma ostra. Vive arranjando encrenca e destruição onde quer que vá (e na maioria das vezes nem percebe isso). Fanático por queijo derretido e sempre disposto a ajudar os outros (e quase que invariavelmente prejudicando-os sem querer). Ele vaga pelo mundo buscando serviço para suas habilidades de bárbaro errante.
Suas frases mais ditas são “Terei errado?” e “O que ele quis dizer quando disse que eu sou meio devagar?” (geralmente duas páginas após alguém ter dito que ele é meio devagar). Groo faz o que Groo faz melhor (gozação direta ao personagem da Marvel, Wolverine). Repete sempre a frase “Eu posso ver claramente” toda vez que o sábio lhe ensina algo e lhe diz “qualquer idiota pode ver claramente”.
O Elenco do Errante
Groo tem uma série de personagens inesquecíveis em suas histórias, dentre os quais se destacam:
Sábio
Provavelmente um dos poucos que nutre um sentimento semelhante a amor pelo errante. É um velho de barbas brancas que sempre tem a solução e o provérbio certo para tudo
Rufferto
É o cachorro do Bárbaro – que quase o comeu, de certa feita. Adora a companhia e a “inteligência” que só ele enxerga em seu amo. Fiel e aventureiro, Rufferto às vezes se imagina também um espadachim.
Arba e Dakarba
As maiores bruxas do reino vivem arrumando confusão para o errante, que não entende muito o que é magia.
Taranto
Um ex-soldado e mercenário que não perde a chance de se aproveitar da ingenuidade do herói.
Grooela
A irmãzinha que é a cara do errante (coitada). Adoraria ver o irmão que sempre atrapalhou sua vida bem pertinho dela. De preferência a alguns palmos abaixo.
Vovó Groo
Trambiqueira de mão-cheia, essa cigana vendia o neto quando era pequeno. Vive arrumando tranbiques para ganhar dinheiro com o bárbaro que sempre estraga todos.
Menestrel
O trovador que canta as aventuras do errante, em prosa e verso. De vez em quando também conta as histórias do Herói louro e lindo a quem Groo involuntariamente já serviu.
Pal e Druum
Ddois encrenqueiros que vivem querendo lucrar, de preferência com a ajuda do errante.
Curiosidade sobre o Menestrel:
O personagem Menestrel é sem dúvida o mais trabalhoso na hora da tradução dos quadrinhos do errante. É que a narração cantada pelo personagem é feita sempre em rima. É preciso primeiro traduzir tudo e, obviamente não é possível rimar em português. É preciso reinventar as rimas e ainda evitar palavras e expressões modernas.
Os Quadrinhos Futuristas de Moebius
Lendário autor e ilustrador de histórias em quadrinhos – Jean Giraud, conhecido como Moebius nasceu na França em 1938. Moebius estudou as artes aplicadas de Paris em 1954. Deixou a França, dois anos depois para se juntar a sua mãe, no México, onde permaneceu oito meses. Permeia as paisagens desérticas com o seu mestre Jijé (Joseph Gillain ), de quem ele se tornou o assistente. Participou da criação de um episódio de Jerry Spring, La Route de Coronado (1960). Esse trabalho viria a inspirar o personagem principal de Blueberry.
Em 1963, criou com Jean- Michel Charlier, então editor da revista Pilote, a série Blueberry. Essa série continuou sendo editada após sua morte e hoje conta com trinta álbuns. Moebius tem um número equivalente de obras realizadas em colaboração com outros artistas, escritores e designers de histórias em quadrinhos.
Paralelo, em 1962 ele abriu uma nova fonte de inspiração orientada para o humor, fantasia e ficção científica. Também é autor de numerosas ilustrações, pinturas e trabalhos de publicidade.
Heavy Metal
Moebius compõe em 1975, a equipe de fundadores da também lendária revista Heavy Metal. Foi também editor da Humanóides Associés. Jean Giraud desenvolveu um estilo único assinando como Moebius. Seus trabalhos revolucionaram o aspecto criativo dos quadrinhos como Arzach (1976) ou Hermética Garage (1979), onde ele também é o escritor. Em um cenário de Alejandro Jodorowsky, ele então começa as aventuras de John Difool em O Incal (1980). Essa série cujo sucesso o coloca entre os designers mais inovadores no campo da ficção científica, iniciando logo após a série A Edena.
Seus desenhos também têm atraído a atenção de grandes cineastas com quem colaborou em vários filmes: Alien (figurino), de Ridley Scott, René Laloux (storyboard), Steven Lisberger – Tron (figurino), Abyss – James Cameron (criaturas subaquáticas) ou O Quinto Elemento por Luc Besson, para citar alguns.
Em meados de 1980, Jean Giraud se mudou para os Estados Unidos para desenvolver projetos de filmes, bem como para escrever seus próprios scripts.
A Editora Moebius Productions Estrelato
Em 1988 retornou a França, com uma nova família, seguindo em suas produções com a emblemática série Blueberry (senhor Blueberry, Ok Corral, Geronimo), seguindo o mundo Edena (a deusa, Stel, SRA), e vários projetos de filmes: Starwatcher, (Arzak Rapsody).
Aventuras de Robert Crumb
Depois de terminar o colegial, Robert Crumb ficou deprimido e passou um ano em casa. Passou a maior parte do tempo desenhando e falando sem parar sobre o sentido da vida com Charles. Charles nunca o deixou sair. Finalmente partiu para Cleveland, em 1962, para morar com seu amigo Marty Pahls. Logo encontrou trabalho na American Greetings Corporation como separador de cor. Foi promovido, mudou de departamento um ano depois. Recebeu centenas de cartas nos anos seguintes. Seu trabalho como fotógrafo comercial teria um efeito sobre seu trabalho futuro. “Meu patrão me dizia que meus desenhos eram muito grotescos. Fui treinado para desenhar pequenos personagens neutros e bonitos que influenciaram toda a minha técnica. Hoje o meu trabalho é essa fofura toda”.
Virgindade
Em 1964, Robert Crumb perdeu a virgindade com Dana Morgan e casou-se no final do ano. Passaram lua de mel na Europa por seis meses, enquanto Crumb enviava suas ilustrações para a American Greetings.
“Comecei a tomar … (vishi…isso não!) em Cleveland, em junho de 1965. Isso mudou minha cabeça. Me fez parar de tomar tão a sério o cartum, me mostrou um outro lado de mim mesmo.”
Depois de uma separação temporária com Dana, Robert viajou para Nova York, Chicago e Detroit, período encharcado de (êpa! de novo!!!). Criou, inspirado, muitos dos seus futuros personagens: Mr. Natural, Mr. Snoid e Angelfood McSpade.
Mudança
Em Janeiro de 1967, Robert Crumb de repente deixou Cleveland. “Eu escapei para San Francisco quando encontrei dois caras em um bar que disseram que estavam dirigindo para o oeste. “Dana o seguiu até lá e ele se estabeleceu em Haight-Ashbury. Crumb desenhou “Zap # 1” e “Zap # 0”, no outono de 1967. Esses quadrinhos eram vendidos na rua. 1968 marca o nascimento de quadrinhos underground de Crumb.
Robert continuou a desenhar e viajar por todo o resto da década. “Eu estava em todos os lugares em 69. Não ficava muito tempo em casa. Perseguia as mulheres em todos os lugares. Vivi por um tempo em um hotel na Mission Street. É aí que ‘Big Ass’ e ‘Snatch 3’ foram feitos. Eu estava tão confuso. Um par de meses eu fiquei com Gilbert Shelton e uma gangue de texanos em Venice, na Califórnia. Depois fui para Detroit, Chicago, Nova York. Incrível como consegui produzir tanto em um tempo tão caótico.”
Ballantine Books
Em 1969, Crumb recebeu um adiantamento de US$ 10.000 da Ballantine Books para o livro “Fritz the Cat”. Ele comprou um terreno em Potter Valley, ao norte de São Francisco. Em 1970, Crumb pulou a cerca novamente com Kathy Goodell, que morava em São Francisco. No mesmo ano, a esposa de Crumb deu permissão para Ralph Bakshi usar Fritz the Cat em um filme. Crumb, totalmente avesso ao projeto encerrou a vida do personagem.
Exceto para uma viagem ocasional a Paris ou a América, Crumb aninhou-se no sul da França. Está trabalhando duro em um projeto de longo prazo para ilustração do livro do Gênesis. Ele tem uma coleção de quase cinco mil discos de vinil (LPs). Sua filha Sophie vive a 45 minutos da casa dos pais. Aline está cuidando de seus interesses nos quadrinhos, pintura e escultura.